Joe Sacco, jornalista e autor de quadrinhos, nasceu em Malta em 1962, passou a infância na Austrália e depois mudou-se para os EUA onde começou a carreira de cartunista. Seu trabalho de jornalismo em quadrinhos não tem pretensão no objetivismo e na neutralidade da informação. E como uma forma de expressão estética, sua obra já constitui um universo subjetivo. Para o autor, a grande questão de seu trabalho não é fazer uma reportagem sobre os problemas que construíram desavenças entre judeus e árabes. Seu foco principal não é noticiar os históricos conflitos da região para dar olhos ao que acontece atualmente na Palestina (entendendo atualidade aqui como o período que se segue após a Segunda Guerra Mundial e criação de um estado sionista). O interesse de Saco é dar rostos e identidades ao que normalmente entendemos ser uma “subcultura de terroristas”. É desconstruir a idéia de que os árabes são um povo homogeneamente radical e fanático. Sobretudo, não são os grandes conflitos, os personagens políticos e a grande história das civilizações que elaboram sua narrativa jornalística, mas sim as pequenas narrativas humanas, o cotidiano e os personagens que vivem os conflitos diariamente, conexões entre o povo “estranho” e “nós”. O biografismo tem um importante papel nesse contexto, a partir das histórias de vida de seus entrevistados, descobrimos como comem, como dormem, como são suas famílias e seus vizinhos, o que pensam e o que querem do mundo. Os quadrinhos jornalísticos de Sacco é o resultado de alguém que esteve na Palestina e só. Por isso são tão honestos e tão impressionantes. Ler Joe Sacco, não é ler quadrinhos, nem jornal, nem biografia, é ler algo novo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente!