O sucessor criativo de Alexander McQueen: GARETH PUGH, está no Brasil, para lançamento de sua criação para a Melissa. E nesse hype criado pelo fashion designer, a blogueira Lilian Pacce entrevistou ele, veja como foi:
Como você conheceu a Melissa?
Quando desfilei pela primeira vez em Londres o Judy Blame fez meus acessórios. Ele falou do meu trabalho pro Eduardo [Jordão, do marketing gringo da Melissa] e, no meu 2º desfile, a Melissa me ajudou fornecendo sapatos. Falávamos de fazer algo junto há algum tempo, e aconteceu agora. Faço poucas colaborações. No começo teve essa da Melissa, uma outra com Nicholas Kirkwood, mas hoje em dia é tudo produzido por nós mesmos, em uma fábrica na Itália.
Na última vez que você veio pra cá a imprensa te elogiou suas roupas e você foi logo dizendo que não vendia quase nada. Isso mudou de lá pra cá?
Mas não vendia mesmo! (Risos) Muita coisa mudou. Trabalho com as mesmas pessoas que cuidam da fabricação, venda e distribuição de Rick Owens e Ann Demeulemeester, então agora estamos em uma direção boa. Estou muito feliz, crescemos a cada estação e, mesmo quando estavam todos preocupados com dinheiro e a economia, nós continuamos crescendo.
Lady Gaga, Kylie Minogue e Beyoncé vestem suas roupas!
É divertido poder trabalhar com uma clientela tão ampla. Cada vez que me pedem pra fazer algo é um desafio, pois obviamente Kylie é muito diferente de Beyoncé e Lady Gaga.
Qual é a favorita?
A 1ª pessoa pra qual fiz algo desse tipo foi Kylie. Junto com o stylist dela, William Baker, eles formam um time muito legal. Também tem o fato de que eles são de Londres, deixam eu fazer o que eu quiser. Acho que trabalhar com Lady Gaga, apesar de muito divertido, foi previsível.
Você é muito envolvido com vídeo, já usou o formato pra seus desfiles e fez parcerias com Nick Knight no SHOWstudio. O que acha da relação do vídeo com a moda?
Estamos no começo dos fashion films. Vejo como o topo de um grande iceberg. Coisas como o iPad e aplicativos de revistas de moda mudaram o funcionamento da moda. Se a “Vogue” pedir pro Mario Testino fazer um editorial, não vai querer só as fotos, querem que ele mande um vídeo também. A moda está começando a valorizar a importância da imagem em movimento, as pessoas ainda não entenderam isso.
E sobre o vídeo em seus desfiles?
Se eu fizer um desfile, talvez umas 400 pessoas apareçam pra assistir. Depois de feitas as fotos, não temos controle de quantas pessoas o assistirão. Nunca aconteceu comigo, mas às vezes um sapato cai do pé da ou um casaco aparece do jeito errado com o movimento da modelo. Quero que minhas roupas aparecam do jeito que eu quero que elas apareçam, entende? Tomo o controle de volta e mostro pras pessoas exatamente o que há para ser mostrado, e dá pra fazer mais coisas em vídeo do que em um desfile ao vivo.
Mas é uma decisão importante levar as pessoas para uma sala de desfile e mostrar uma coleção em vídeo…
Pra mim foi muito importante ir pra Semana de Moda de Paris e ser listado como um desfile, e não uma apresentação. Lá tem essa coisa de as apresentações terem menos relevância do que os desfiles… Fizemos uma coisa meio safada: na 1ª vez, não falamos pra ninguém que iríamos exibir um vídeo! Eles não ficaram p***s nem nada, foi até bom ter algo de diferente na programação (Risos).
Quem faz vídeos desse tipo que você gosta?
É uma pergunta difícil, não temos muitas pessoas fazendo isso… Gosto do Chris Cunningham, que dá conta de levar seu trabalho pra tantos lugares diferentes; clipes musicais, filmes de arte, comerciais de perfume com a Abbey Lee. É muito bonito, mas tem sempre um elemento dark presente. Ele vai além do que é pra ser um comercial de perfume, criando imagens que podem ser eternas, ao contrário do produto. É por isso que imagem é tão importante.
De onde você tira inspiração?
Nunca de livros. Não vou a uma biblioteca e pesquiso algo específico, sabe? É mais um feeling do que vem agora, adicionando mais às experiências do que foi antes. Tenho uma memória péssima pra nomes, mas ótima pra imagens. Às vezes, coisas do meu passado voltam e se tornam relevantes. Mas é muito abstrato.
E o que vem agora?
Ai, que boa pergunta (Risos). Estou fazendo a pré-coleção pra junho e pensando em algo… Não sei. Sempre trabalho com opostos, não importa se é preto e branco ou whatever, mas queria juntá-los. Meio que como numa pilha, com o pólo positivo e negativo. Juntar tudo em uma única energia. Isso pode ser, talvez, o que estou pensando… (Risos)
Via: blog LP